Autoridade Monetária Alerta para Riscos Laborais, Mas Advoga por Equilíbrio na Condução da Taxa de Juros
Em um recente simpósio organizado pelo Peterson Institute for International Economics (PIIE), Alberto Musalem, presidente da filial de St. Louis da autoridade monetária central dos EUA, trouxe à tona preocupações crescentes. Ele reconheceu a existência de potenciais declínios na força de trabalho americana, ao mesmo tempo em que sublinhou a persistência de pressões inflacionárias elevadas. Para o economista, a orientação das decisões futuras exige uma estratégia profundamente ponderada e baseada em dados. Musalem detalhou a complexidade da situação, explicando que é imperativo calibrar a probabilidade e a magnitude de falhas em ambas as metas – emprego e controle de preços – e os respectivos prazos para a recuperação. Um foco excessivo na dinâmica do emprego, advertiu, poderia resultar num afrouxamento indesejado da política monetária, desestabilizando a curva de juros, inflando os prêmios de risco ou acelerando as expectativas de inflação. Tais repercussões, segundo sua análise, poderiam prejudicar o mercado de trabalho mais do que beneficiá-lo, além de reforçar a ameaça de uma inflação acima do limite de 2%.
O dirigente observou que o ambiente de mercado atual se mostra particularmente sensível a esses desequilíbrios, citando como evidência o incremento nos prêmios de prazo e em certas projeções de inflação a longo prazo. Inversamente, ponderou Musalem, uma priorização exagerada do combate à inflação correria o risco de privar o mercado de suporte suficiente para sustentar o pleno emprego. Embora reconheça um aumento nos riscos para a manutenção dos níveis de emprego, sua previsão pessoal aponta para uma desaceleração gradual e controlada da força de trabalho. Ele reiterou que a postura atual da política monetária, caracterizada por um nível moderadamente restritivo, é plenamente compatível com o duplo mandato do banco central. Cabe ressaltar que o economista possui direito a voto nas deliberações do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ao longo deste ano.
No que tange aos indicadores econômicos mais específicos, Alberto Musalem apontou que o núcleo da inflação nos Estados Unidos ainda se situa em torno de 3%, superando a meta de 2%. Ele atribuiu parte dessa resistência dos preços a um efeito residual, embora modesto, das tarifas implementadas pela administração anterior. A expectativa é que esse impacto tarifário se manifeste na economia pelos próximos dois a três trimestres, antes de se dissipar. Adicionalmente, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real permanece abaixo de seu potencial – registrando um aumento anualizado de 1,4% no primeiro semestre. A projeção é que o PIB só retome sua trajetória de tendência em 2026. Até lá, a combinação de um crescimento abaixo do potencial e expectativas de inflação de longo prazo estáveis deverá conter a persistência inflacionária, vislumbrando um retorno à meta de 2% no segundo semestre do próximo ano. Contudo, Musalem expressou considerável incerteza em suas estimativas, ponderando que os ajustes decorrentes dos aumentos de preços tarifários podem se estender ou depender das taxas finais. Além disso, a sensibilidade pública às novas políticas poderia elevar as expectativas de inflação de longo prazo. Para finalizar, o economista antecipa que as políticas fiscais deverão oferecer algum suporte à atividade econômica, enquanto as condições financeiras se alinham ao quadro de juros moderadamente restritivos.
Leia a notícia original: Membro do Fed vê mais riscos para emprego, mas defende abordagem equilibrada em juros
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