Tarcísio Engaja-se em Diálogo com Membros do STF sobre Proposta de Clemência
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem empreendido esforços significativos para estabelecer um diálogo com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Sua intenção é delinear um caminho jurídico seguro que viabilize a aprovação de uma medida de clemência. Esta iniciativa visa beneficiar os indivíduos implicados nos eventos de 8 de janeiro de 2023, bem como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente enfrenta um julgamento na Corte por alegações de tentativa de ruptura institucional. Informações a respeito dessas conversas foram corroboradas por fontes judiciais e membros do governo paulista à Mundo dos Negócios. A movimentação estratégica do governador surge da avaliação de aliados do ex-presidente de que uma proposta de perdão legislativo, caso aprovada pelo Congresso, poderia ser subsequentemente declarada inconstitucional pela Suprema Corte. O contato, portanto, busca previamente aferir as perspectivas dos magistrados sobre o tema.
Em meio ao julgamento do ex-mandatário, Tarcísio dirigiu-se a Brasília nesta terça-feira para cumprir uma série de compromissos. Sua agenda incluiu encontros com os presidentes da Câmara e do Senado, além de líderes de bancadas partidárias como PP, União Brasil e PSD. O objetivo principal era mobilizar apoio político e delinear o panorama de implementação da referida medida de pacificação. Na quarta-feira, antes de retornar à capital paulista, o governador esvaziou seus compromissos, aguardando uma reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Embora uma discussão telefônica na segunda-feira tenha abordado a iniciativa de forma superficial, e Motta não tivesse então manifestado comprometimento, o presidente da Casa Legislativa reconheceu posteriormente que o projeto adquiriu ímpeto considerável entre os líderes partidários, passando a admitir a possibilidade de colocá-lo em votação após a conclusão do julgamento do ex-presidente. O retorno de Tarcísio a São Paulo está previsto para o final da tarde, onde, no Palácio dos Bandeirantes, ele receberá o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), para sincronizar a abordagem sobre a clemência e a agenda do 7 de setembro. No dia seguinte, Sóstenes e Hugo terão um encontro crucial para definir o calendário da pauta.
As manobras de Tarcísio na capital federal em favor da clemência se inserem no contexto de solidariedade eleitoral visando o pleito de 2026. Embora seja o nome preferido do grupo político conhecido como Centrão para contestar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de São Paulo enfrenta ressalvas no círculo próximo do ex-presidente, que percebe um engajamento limitado do ex-ministro em pautas essenciais à corrente política de apoio ao ex-mandatário. Paralelamente a essas articulações, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), manifestou a intenção de propor uma redação distinta para a anistia, da qual deverá ser o autor e liderar o processo de tramitação. O senador demonstra oposição à proposta atualmente em curso na Câmara dos Deputados, que é defendida por apoiadores do ex-presidente e o beneficiaria diretamente. Nos bastidores, relatos de aliados indicam que Tarcísio demonstra preocupação com o efeito político de sua atuação, temendo interpretações que o vejam ora como um defensor heroico, ora como excessivamente vinculado ao bolsonarismo. “Houve uma mudança de perspectiva por conta do julgamento. O governador mantém os mesmos princípios e valores, e um desses princípios é a promoção da serenidade”, afirmou o deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP), da base aliada na Alesp. Conforme aliados do governador, a articulação pela medida de clemência precisa necessariamente contemplar o ex-presidente, mas poderia dispensar a inclusão de militares, dada a percepção de que um perdão sem ressalvas dificilmente obteria aprovação legislativa ou seria considerado constitucional pelo STF. Avalia-se, inclusive, por vozes como a do vereador Adrilles Jorge (União-SP), aliado de Bolsonaro, que a iniciativa do mandatário é percebida como extemporânea, aparentando ser uma mera estratégia política tardia.
Fonte: O Globo
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