Por que os programas de culinária na TV estão sumindo? Este cronut revela o segredo.

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A Receita do Sucesso Mudou: Como o 'Cronut' Explica o Declínio dos Shows de Culinária na TV e a Ascensão Digital

Houve um tempo em que os programas de culinária dominavam a televisão, transformando chefs como Keith Floyd, Fanny Craddock e Rick Stein em estrelas nacionais. No dinâmico cenário que o Mundo dos Negócios analisa, essa era de ouro, que viu a BBC transmitir impressionantes 21 horas de shows de culinária em uma única semana em 2014, parece estar chegando ao fim. Em um declínio abrupto, o número de programas de "stand and stir" (aqueles de cozinheiros parados mexendo panelas) caiu drasticamente este ano. Dados da Ampere Analysis revelam que as encomendas de todos os formatos de programas de comida na TV britânica sofreram uma queda de 44% em apenas um ano, com a BBC registrando zero novas produções de meia hora até agora.

Enquanto a televisão tradicional luta para manter sua relevância, um novo ecossistema de conteúdo culinário floresce em outras plataformas. Vídeos de comida estão explodindo no YouTube, Instagram e TikTok, não mais produzidos por grandes empresas, mas por criadores independentes. Um marco notável foi reportado pela Nielsen em fevereiro: o YouTube se tornou o serviço mais assistido nas TVs americanas – sim, nas televisões, não apenas em celulares. O Reino Unido segue de perto, e o regulador de radiodifusão Ofcom já emitiu um alerta sobre a crise iminente na TV britânica. A queda nas comissões atinge diversos gêneros, mas a culinária é, de longe, a mais afetada nos últimos 12 meses, deixando até mesmo nomes populares como Nigella Lawson fora das telas por enquanto.

O Poder da Agilidade e Autenticidade Digital

A chave para entender essa mudança radical pode estar em algo tão simples quanto um cronut (um híbrido de croissant e donut). Ben Ebbrell, do canal Sorted Food com 2,89 milhões de inscritos e 1,3 bilhão de visualizações, conta que sua comunidade foi inundada com pedidos sobre o cronut. Em pouquíssimo tempo, sua equipe criou uma receita, filmou e publicou um vídeo, tornando-se o único tutorial disponível no YouTube no auge da mania. Essa agilidade é algo que a TV tradicional, com seus múltiplos estágios de propostas, grupos focais e rígidas regulamentações de conformidade, simplesmente não consegue replicar. "No passado, era: 'se você quer jogar no nosso mundo da TV, tem que seguir nossas regras'. Agora, a TV vem aos criadores de conteúdo e diz: 'Gostaríamos que sua audiência viesse usar nossa plataforma também'", explica Ebbrell.

Mais Que Red Tape: Uma Mudança Cultural Profunda

A ascensão de figuras como Natalia Rudin, a "rainha do feijão" (Natsnourishments), que viralizou com um vídeo de um "prato de feijão estilo antepasto" alcançando mais de um milhão de visualizações em um dia e agora tem 1,5 milhão de seguidores, demonstra que o público anseia por algo diferente. Os vídeos online são percebidos como "crus e reais", um contraste direto com a percepção de que a televisão é "falsa e encenada" para as gerações mais jovens. Embora a TV tenha subestimado o YouTube e o TikTok por anos, vendo-os como "conteúdo de baixa qualidade", a verdade é que eles estavam construindo algo revolucionário: uma conexão autêntica e direta com a audiência. Exceções como o The Great British Bake Off, que sempre priorizou a autenticidade dos padeiros amadores, provam que a verdade e a paixão ainda têm lugar, mas se tornaram raras.

No final das contas, o conteúdo culinário na TV que resta é cada vez mais financiado por marcas e agências externas, transformando programas em publieditoriais disfarçados. A visão de executivos como Jonathan Glazier, que lamenta a perda dos "momentos compartilhados" da TV que capturam pessoas reais em suas vidas, reflete uma tristeza pelo que se perde. No entanto, o apetite por vídeos não diminuiu, apenas migrou. Ed Sayer, especialista em produção, resume bem: "As audiências não se importam com as plataformas – elas se importam com as histórias, a autenticidade e a relevância." O futuro pertence a quem melhor entender essa nova paisagem, e o Mundo dos Negócios observa que, nesta disputa, "o público é quem está ganhando."

Fonte: Reuters via Mundo dos Negócios

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