Trama Golpista: Provas da PGR Desmantelam Defesas no Julgamento de Bolsonaro e Aliados
A primeira semana do julgamento do chamado "núcleo crucial" da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, tem sido um palco de intenso embate jurídico. As defesas dos réus buscam, estrategicamente, refutar qualquer participação de seus clientes em uma tentativa de golpe de Estado, questionando a validade da delação do tenente-coronel Mauro Cid e tentando desvincular os acusados de reuniões e discussões golpistas. Contudo, em uma análise exclusiva para o Mundo dos Negócios, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresenta um arsenal de provas compiladas pela Polícia Federal, que prometem confrontar e desarticular cada um desses argumentos.
O contraste entre as alegações de defesa e as evidências da PGR é marcante, especialmente nos casos do ex-ministro Braga Netto e do próprio Jair Bolsonaro. O advogado de Braga Netto, José Luis Oliveira, argumentou veementemente que o militar não teve "participação com 8 de janeiro", rebatendo a citação de um vídeo pela PGR e afirmando que seu cliente estaria no Rio de Janeiro jogando vôlei na data. Entretanto, a investigação policial revela uma atuação para incitar manifestantes, com Braga Netto recebendo-os no comitê do PL e um vídeo no Palácio da Alvorada onde ele é flagrado dizendo: "Vocês não percam a fé. É só o que eu posso falar para vocês agora (...) Tem que dar um tempo." No caso de Bolsonaro, a defesa tentou isolar a informação de que ele "enxugou" a **minuta golpista** como sendo unicamente da delação de Mauro Cid. Essa tese, porém, é diretamente refutada por um áudio de Cid para o ex-comandante do Exército Freire Gomes, apreendido pela PF, onde ele descreve o próprio Bolsonaro "enxugando o decreto, fez o decreto muito mais resumido", após pressões para "tomar uma medida mais pesada".
Detalhes da Convocação Golpista: A Participação de Paulo Sérgio Nogueira
A narrativa da defesa do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que alegava que o general "atuou ativamente para demover o presidente da República de qualquer medida" golpista, também enfrenta um obstáculo significativo. A PGR, em suas alegações finais, detalha evidências de uma reunião crucial em 14 de dezembro de 2022. Neste encontro, uma nova versão do decreto golpista, já com ajustes feitos pelo ex-presidente Bolsonaro, foi apresentada pelo General Nogueira aos comandantes das três Forças. O objetivo, segundo a PGR, era "pressionar novamente os militares a aderirem à insurreição". O depoimento do brigadeiro Baptista Junior, então chefe da Aeronáutica, corrobora essa versão: ele confirmou ter visto um documento que "prevê a não assunção, no dia 1º de janeiro, do presidente eleito", o que o levou a se recusar a receber o documento e se retirar da reunião. Para o Mundo dos Negócios, essas revelações sublinham a gravidade das acusações e a solidez do conjunto probatório que a PGR busca apresentar, prometendo um desfecho impactante para o julgamento.
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